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  • Surrender - 40 músicas, uma história – Bono – Editora Intrínseca!!

     

    Sinopse:

    Em seu livro de memórias, Bono relembra a infância, detalha a sua incrível trajetória como músico e os vinte anos dedicados ao ativismo Surrender: 40 músicas, uma história é o aguardado livro de memórias de Bono — artista, ativista e vocalista da banda irlandesa de rock U2. Um dos artistas mais icônicos do mundo, Bono teve sua carreira amplamente documentada. Mas, em Surrender, é ele quem está com a caneta em mãos, escrevendo pela primeira vez sobre os feitos de sua vida notável e sobre aqueles com quem ele a compartilha. Com sua narrativa envolvente, Bono nos transporta para sua infância em Dublin, e fala da morte repentina da mãe, quando ele tinha 14 anos. O autor também detalha a jornada improvável do U2 até se tornar uma das mais influentes bandas de rock do mundo, além dos seus 20 anos de ativismo dedicado à luta contra a AIDS e a pobreza extrema. O subtítulo 40 músicas, uma história faz referência aos quarenta capítulos do livro, cada um com o nome de uma música do U2. Com uma profunda autorreflexão e senso de humor, ele analisa sua vida até o momento, assim como a fé, família e amigos que o sustentaram, desafiaram e moldaram. Entre os temas recorrentes, o desperdício do potencial humano e a fé, descrita por Bono como um sinal extraído do barulho, uma “voz mansa e delicada” que ele ouve mais alto em seu casamento, em sua música e nas causas sociais que defende.


    Resenha:


    Surrender é uma autobiografia profunda, emocional e surpreendentemente íntima, onde Bono, nascido Paul David Hewson em 10 de maio de 1960, em Dublin, revisita sua vida com uma honestidade rara. Filho de um pai católico, Bob, e de uma mãe protestante, Iris, ele cresceu num lar que, na Irlanda dos anos 1960, desafiava o sectarismo religioso que dividia o país. Essa convivência entre crenças distintas, alternando domingos na igreja protestante com o pai indo sozinho à missa católica, moldou seu desejo de construir pontes e buscar diálogo entre diferenças.

    A perda traumática de sua mãe, que morreu após sofrer um derrame no próprio funeral do pai, deixou Bono e sua família mergulhados num silêncio pesado e num luto mal resolvido. Ele descreve aqueles anos como a convivência de “três homens revoltados”, tentando sobreviver emocional e financeiramente, muitas vezes com purê instantâneo e sobras de comida de avião trazidas pelo irmão, Norman.

    Na música, Bono transformou dor em arte. Canções como “Iris (Hold Me Close)”, “Bad”, “One” e “Sweetest Thing” carregam suas marcas pessoais: a morte da mãe, a perda de um amigo para a heroína, dificuldades internas da banda e até pedidos de desculpas à esposa, Ali, que recebe até hoje os royalties da canção e os destina à Chernobyl Children International.

    A narrativa do livro é estruturada em torno de quarenta músicas do U2, algumas recebendo capítulos curtos, outras longos, mas todas funcionam como janelas para momentos decisivos da vida do cantor e da banda.

    Bono também abre capítulos sobre as ameaças que o U2 recebeu ao longo das décadas, vindas do IRA, de gângsteres e de grupos de extrema-direita, incluindo tentativas de sequestro de sua esposa e filhas. Ele recorda inclusive que, durante um show no Arizona, foi avisado de que não “chegaria ao final da música” se cantasse um verso que homenageava Martin Luther King. Ele cantou mesmo assim de olhos fechados.

    Mas a força de Surrender está também no retrato minucioso de Bono como ativista. Ele desempenhou um papel crucial na luta pelo cancelamento da dívida de países africanos e na batalha para levar medicamentos antirretrovirais ao continente, discursando no Congresso dos EUA, trabalhando com diversos grupos ativistas e cultivando alianças políticas em ambos os lados do espectro ideológico. Incentivado por Bob Geldof, Bono mergulhou nesse universo logo após o Live Aid. Ele e Ali passaram um período como voluntários na Etiópia, experiência que aprofundou sua compreensão das desigualdades globais e das complexidades humanitárias. A partir daí, Bono se tornou uma das vozes mais persistentes do alívio da dívida dos países mais pobres e do combate à devastação da AIDS na África, sempre unindo música, política e ativismo com convicção.

    A autobiografia também expõe seus erros, suas crises e os momentos em que quase desistiu, como as tensas sessões de gravação em Berlim, que quase destruíram o U2, mas acabaram gerando Achtung Baby, uma obra-prima. Ao mesmo tempo, revela o papel fundamental de Ali, sua esposa, presença estabilizadora e força constante ao longo da vida, especialmente após a morte trágica de Greg Carroll, roadie neozelandês homenageado na canção “One Tree Hill”.

    Há capítulos tocantes, como a descrição da amizade complexa com Michael Hutchence, vocalista do INXS, marcada por admiração, turbulência e tragédia.

    Para quem já conhece a trajetória do artista, muitas histórias soam familiares, mas ouvi-las de Bono, com sua voz irônica, vulnerável e inteligente, é uma experiência completamente diferente. No fundo, Surrender é um livro sobre fé: fé na banda, no casamento, em Deus, nas pessoas e na capacidade de provocar mudanças reais. É também sobre a fé de Bono em si mesmo, uma autoconfiança que o impulsionou não apenas ao estrelato, mas ao ativismo global.

    Irreverente, sincero e profundamente revelador, Surrender é uma autobiografia que transcende a música. Não é preciso ser fã de Bono ou do U2 para reconhecer o valor de sua história — basta estar disposto a entender a jornada de um homem que tentou, incansavelmente, transformar o mundo ao seu redor.


    "Enquanto Madiba falava, eu ouvia suas palavras como uma espécie de chamado.

    "As vezes cabe a uma geração ser grande. Vocês podem ser essa grande geração."

    Poderíamos? Nossa geração?

    Havia algo assustador na ideia, e refletindo sobre ela lembro as palavras de Ellen Johnson Sirleaf, que se tornou  a primeira presidente mulher na África, "Se seus sonhos não te assustam, eles não são grandes o bastante."


    Trilha sonora da resenha:





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