Sinopse:
No verão passado, o namorado “superestrela do esporte” de Alice Olgive deu um fora nela. Então, Alice desapareceu por cinco dias. Quando aparece, ela simplesmente não fala nada a respeito, por isso para onde foi ou o que aconteceu é o grande mistério na Enseada do Castelo. Ou melhor, era o grande mistério do lugar, já que agora outra namorada de Steve desapareceu: Brooke Donovan, a ex-melhor amiga de Alice. E, infelizmente, tudo indica que Brooke não irá voltar. É quando entra na história Íris Adams, a adolescente encarregada de ajudar Alice a repor o conteúdo escolar perdido. Íris tem os próprios motivos para querer desaparecer, mas diferentemente de Alice, ela não tem dinheiro para tal. Isso pode mudar com a grande recompensa que a avó de Brooke está oferecendo para quem tiver informações sobre o paradeiro da neta. A polícia está convencida de que Steve é o culpado, mas Alice não tem tanta certeza, e com a ajuda de Íris ela pode conseguir provar sua teoria. Então, a fim de ganhar a recompensa e provar a inocência de Steve, elas têm que descobrir quem matou Brooke Donovan. E Alice tem exatamente o que precisam – a obra completa da escritora Agatha Christie. Se tem alguém que pode ensinar às garotas como solucionar um mistério é ela, a própria Rainha do Crime. Porém Enseada do Castelo guarda muitos segredos, e Alice e Íris não têm ideia do perigo que estão correndo. Coescrito pelas autoras de sucesso Kathleen Glasgow e Liz Lawson, este é o primeiro volume da série Agathas. Nela, jovens adolescentes investigam mistérios sombrios em uma narrativa intrigante e divertida, que homenageia a obra de Agatha Christie trazendo muitos de seus elementos para os tempos atuais. São histórias que conquistam leitores da primeira à última página.
Resenha:
Agathas é um suspense juvenil que combina mistério, crítica social e amadurecimento emocional com uma fluidez que prende desde o primeiro capítulo. Ambientado na pequena e aparentemente pacata Enseada do Castelo, o livro parte de um desaparecimento que abala a comunidade e acompanha duas adolescentes que decidem investigar aquilo que a cidade prefere ignorar. O resultado é uma narrativa envolvente, cheia de nuances e com um charme irresistível para quem cresceu admirando Agatha Christie, mas que também funciona para novos leitores do gênero.
Alice Olgive, outrora integrante do seleto grupo popular da escola, vive marcada por seu próprio sumiço no verão anterior. A cidade inteira especula sobre o que aconteceu com ela, mas Alice guarda silêncio e se refugia em sua coleção obsessiva de romances de Christie. Ela é ousada, intuitiva, um pouco caótica, e fascinante de acompanhar. Já Íris Adams é quase sua antítese: focada, discreta, pragmática, lidando com dificuldades financeiras e familiares que a mantêm ancorada a uma realidade dura demais para sua idade.
Quando Brooke Donovan desaparece após uma festa, e tudo indica que ela não irá voltar, Alice e Íris se encontram, quase contra a própria vontade, unidas pelo desejo de descobrir a verdade. E é aqui que o livro revela um dos seus maiores encantos: a amizade improvável que floresce entre elas. A relação das duas se transforma aos poucos, de forma sensível e realista, e acaba se tornando o verdadeiro coração da história. No meio de pistas, segredos e investigações arriscadas, elas constroem um vínculo profundo que vai além do mistério, dando ao livro uma dimensão emocional poderosa.
Além da trama envolvente, as autoras exploram temas extremamente contemporâneos. As redes sociais têm papel central no modo como a cidade interpreta, e distorce os acontecimentos. A obra também lança luz sobre a relação entre poder, dinheiro e corrupção em pequenas comunidades, mostrando como privilégios e influências moldam não apenas a narrativa oficial dos fatos, mas o comportamento das autoridades. Tudo isso é inserido de forma natural, sem didatismos, enriquecendo o pano de fundo do mistério.
A investigação conduzida por Alice e Íris, inspirada pelas técnicas e atmosferas de Agatha Christie, é cheia de reviravoltas, falsas pistas e revelações surpreendentes. Cada suspeito surge com motivações plausíveis, e as protagonistas se mostram mais perspicazes que os próprios adultos encarregados do caso, sem nunca perderem o frescor e a impulsividade típicos da adolescência. A narrativa avança com ritmo rápido e capítulos curtos, deixando o leitor em constante expectativa sobre o próximo passo.
Agathas acerta ao equilibrar entretenimento, crítica e emoção. É um livro que dialoga com fãs da Rainha do Crime, mas também com leitores que buscam personagens complexas, um mistério bem amarrado e uma história sobre amizade nascida do caos. Ao final, fica claro que, em meio a tantos enigmas, o maior deles é como duas meninas tão diferentes conseguem se transformar no apoio que a outra precisava, talvez o tributo mais bonito às narrativas de Christie, que sempre colocaram a humanidade no centro de seus crimes.
Uma estreia cativante para uma série que promete muito mais mistérios, e ainda mais cumplicidade entre Alice e Íris.
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