Sinopse:
Martin avança pelo Além-mar.
A revelação do que existe além do horizonte da vila está agora diante dos seus olhos.
Na vila, uma misteriosa doença espalha-se fora de controle, enquanto violentos conflitos opõem fanáticos defensores do regime Ancião e seguidores do novo Zelador.
Em meio ao caos, Maya toma para si uma tarefa que parece impossível: entrar na lendária Biblioteca Anciã e roubar o original dos Livros da Criação. Ela logo descobre, porém, que também sofre do estranho mal que assola a cidade e percebe que pouco tempo lhe resta para completar uma missão que desconfia ser cada vez mais crucial.
Neste livro que encerra a saga do garoto apaixonado por livros, vemos Martin completar a sua jornada de amadurecimento ao percorrer uma trajetória pontuada por coragem, sofrimento e perdas. No final, aprendemos junto com ele que o caminho correto nem sempre é o mais fácil de ser trilhado.
Resenha:
Primeiro Amanhecer é um desfecho sólido, expansivo e profundamente significativo.
Primeiro Amanhecer conclui a duologia iniciada em Noite Sem Fim com amplitude temática e maturidade narrativa, consolidando o universo criado por Roberto Campos Pellanda como uma contribuição relevante à fantasia contemporânea nacional.
Neste segundo volume, acompanhamos Martin em sua travessia pelo Além-mar, uma jornada que se revela não apenas geográfica, mas sobretudo existencial. O jovem protagonista, que antes ousava questionar as estruturas rígidas da Vila, agora se vê diante de povos, conflitos e verdades que ampliam drasticamente a compreensão que tinha de seu próprio mundo, e de si mesmo. O autor conduz essa expansão com cuidado, apresentando cidades mercantes, arquipélagos guerreiros e uma guerra de grandes proporções contra os Knucks, tudo permeado por revelações que reposicionam Martin no centro de um passado longamente oculto.
Paralelamente, a narrativa alternada com Maya oferece à obra um contrapeso necessário e muito bem construído. Enquanto o protagonista se aventura em territórios desconhecidos, Maya permanece na Vila, agora assolada por uma polarização crescente e por uma misteriosa doença que avança de forma avassaladora. Sua missão, penetrar na mítica Biblioteca Anciã e resgatar o original dos Livros da Criação, é uma das passagens mais instigantes do livro. Trata-se de um arco tenso, urgente e emocionalmente complexo, intensificado pela descoberta de que ela própria foi acometida pelo estranho mal que ameaça seu povo.
A alternância entre os dois pontos de vista sustenta um ritmo constante e bem calibrado. Roberto Campos Pellanda demonstra habilidade ao equilibrar cenas de ação, intrigas políticas e momentos de introspecção, compondo uma obra que se mantém envolvente do início ao fim. O amadurecimento de Martin constitui um dos méritos mais evidentes do livro: sua trajetória é marcada por perdas, dúvidas e sacrifícios que conferem profundidade à narrativa e evidenciam temas universais, como liberdade, responsabilidade e a necessidade de questionar verdades estabelecidas.
Embora alguns trechos do desfecho apresentem certa rapidez, a conclusão cumpre seu papel de forma satisfatória, preservando a coerência interna da obra e oferecendo ao leitor um fechamento emocionalmente ressonante. Trata-se de uma fantasia que alia criatividade, construção de mundo consistente e um olhar sensível para as relações humanas.
Primeiro Amanhecer afirma-se, assim, como leitura indispensável para apreciadores de literatura fantástica, especialmente aqueles que buscam narrativas originais, bem estruturadas e tematicamente densas. Vale destacar a belíssima capa desta edição, simbólica e cheia de movimento, ela captura com precisão o espírito de travessia e renascimento que permeia o livro, a diagramação está muito boa e contribuiu para uma leitura fluida e extremamente agradável.
Trilha sonora da resenha:











