Sinopse:
Cirurgiã renomada, esposa amorosa e... assassina? Antes de seu mundo desabar, a doutora Anne Wiley tinha uma vida perfeita.
A carreira de sucesso que sempre almejou conquistar, uma bela casa onde poderia descansar confortavelmente após um longo dia de trabalho e um marido extremamente dedicado e cuidadoso, cujo sorriso sempre a manteve segura. Até aquele momento, ela nunca tinha perdido um paciente. Mas também nunca havia operado alguém que odiava. No minuto seguinte em que declarou o óbito, toda a equipe médica na sala de operações a observou em silêncio, confusos e preocupados.
O olhar de
Anne transmitia medo, o coração batia acelerado e as mãos tremiam e suavam
dentro das luvas. Seus doze anos de experiência são colocados sob suspeita
quando é descoberto quem era o paciente que faleceu em suas mãos. Empenhada em
acusar a doutora de assassinato, a promotora criminal Paula Fuselier começa a
investigar.
Resenha:
A carreira da renomada cirurgiã Dra. Anne Wiley entra em colapso quando Caleb Donaghy, seu paciente, morre durante um procedimento considerado de rotina. Conhecida por sua dedicação exemplar, Anne jamais havia perdido um paciente em mesa de operação. Por isso, sua equipe — e até ela mesma — se surpreende quando, de forma incomum, ela decide interromper os esforços de reanimação.
Após o incidente, Anne mergulha em dúvidas: teria feito tudo o que estava ao seu alcance? Poderia tê-lo salvado? O impacto emocional e profissional é devastador, agravado pela chocante constatação de que Caleb estava ligado a um capítulo doloroso e escondido de seu passado — um trauma envolvendo sua falecida irmã, Melanie. No entanto, Anne logo percebe que o peso da culpa é apenas o início de uma espiral ainda mais sombria.
Enquanto tenta manter a compostura no ambiente hospitalar, Anne passa a enfrentar o julgamento velado de seus colegas, especialmente do Dr. Robert Bolger, um anestesista misógino que questiona abertamente sua competência. Paralelamente, uma investigação interna é aberta, e rumores começam a circular. A promotora criminal Paula Fuselier inicia um inquérito que aos poucos ganha contornos perigosos, apontando para uma suposta instabilidade emocional e possível negligência médica por parte de Anne.
A situação se agrava quando um artigo sensacionalista retrata Anne como uma profissional desequilibrada, com ética duvidosa. Depoimentos de colegas, lembranças fragmentadas e evidências circunstanciais se acumulam, tornando-a suspeita de algo muito mais grave do que um erro médico. Ao mesmo tempo, seu casamento com Derreck Wiley — advogado, manipulador e candidato à prefeitura — começa a ruir. Conhecedor da ligação entre Anne e Caleb, Derreck usa essa informação para exercer controle sobre ela, intensificando seu isolamento.
A narrativa alterna entre a perspectiva em primeira pessoa de Anne, o que nos coloca diretamente em contato com seu sofrimento e dúvidas, e a terceira pessoa, que acompanha a promotora Paula Fuselier, uma mulher determinada, ambiciosa e obstinada por justiça.
Leslie Wolfe constrói um retrato sensível e intenso de uma mulher encurralada por traumas, culpa e traições — uma protagonista que, em última instância, precisa lutar para se salvar. O romance não entrega respostas fáceis: em vez disso, convida o leitor a refletir sobre os limites entre justiça e vingança, verdade e aparência, sobrevivência e sacrifício.
Apesar de ter uma premissa promissora e toques instigantes de suspense psicológico, a leitura por vezes se arrasta e pode não agradar a todos. É um livro que levanta boas questões, mas deixa a sensação de que poderia ter ido mais longe. Um suspense com potencial, mas que, pessoalmente, me deixou esperando mais.
Trilha sonora da resenha: