• Home
  • Sobre o Blog
  • Colaboradores
  • Parceiros
  • Resenhas
  • Contato
  • Crônica: Se os textos fossem como a música - Nelson Albuquerque Jr.!





    Quem escreve sempre padece de um troço chamado “inveja criativa”. Aquela sensação de vibrar com uma leitura e pensar: Eu devia ter escrito isso. É tão bom que, de alguma forma, aquilo se torna seu.
    Dias atrás caí nesse pecado, mas um pouco diferente: Que bom seria se os textos fossem como a música! Cheguei à conclusão que as pessoas não passam tanto tempo com uma leitura quanto passam com uma canção.
    O texto, primeiro, precisa superar a barreira da preguiça. Transpondo o obstáculo, ele é lido e – agradando ou não – está fadado a ficar no arquivo do “até nunca mais”, seja numa gaveta, numa pasta ou na lixeira do computador. Quase ninguém relê algo. Se você faz isso, pode se considerar uma notável raridade.
    A música, ao contrário, é ouvida, ouvida e ouvida. Decorada. Cantada, cantarolada, assoviada. As pessoas ficam com ela o dia inteiro. Levam pra trabalhar, pra almoçar, pra tomar uma cerveja com os amigos. Não largam nem na hora do banho. Não duvido se você até já não tenha sonhado com uma chanson d’amour.
    Percebo agora que meu caso não é de inveja. É só um ciúme besta, do tipo “você passa mais tempo com ela que comigo”.
    Mas eu mesmo sou desses. Tenho meus grudes musicais. Só não sei cantar. Dependo de volume alto pra minha afinação não me estragar o clima.
    Passo vezes contemplando a felicidade da moça apaixonada em La Vie en Rose, de Edith Piaf. Me empatizo com os personagens do Adoniran, uma turma de esquecidos sociais elevados a protagonistas adoráveis. Vivencio de perto, quase de dentro, o Yesterday dos Beatles. Espero respostas do vento com Bob Dylan, em Blowin’ in the Wind. Saio com Cartola e só volto se me encontrar. E deixe-me ir! Cheguei a criar mentalmente a história de um casal de velhinhos, já praticamente meus amigos, com a Perfect, de Ed Sheeran. Tá bom, confesso, também já repeti mil vezes o “só quer vrau, vrau, vrau”. Quem nunca? Às vezes abuso do direito glamouroso de ser eclético, eu sei. Afinal, O que é, o que é?, né, Gonzaguinha!
    Admito! A música é mágica. Ponto. É feita exatamente pra andar com a gente pra lá e pra cá. Como se fosse nosso pet ou nós, os pets dela. Tanto faz. O importante é a boa companhia.
    E já entendi que ciúme é besteira. Não tem motivo pra se comparar. Faço o que eu sei e pronto, pego minha caneta azul e escrevo. Mas, ah!…, se os textos fossem como a música.

    Trilha sonora:






    1 comentários :

    1. Que delícia de crônica!!!Eu sempre me pergunto qual minha maior paixão: se a música, o cinema ou a literatura.
      Posso ser sincera??
      Digo sempre que os três estão ali, lado a lado(que é pra ninguém ficar com ciúmes)
      Cada um dá o que sente, essa é a grande lição!!!!
      Beijo

      Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

      ResponderExcluir