Um trombonista chega a Antofagasta, no Chile, com uma bizarra encomenda: uma menina, órfã, que deve ser entregue a seu suposto avô.
Começa, então, a história de Alia Emar, uma jovem descendente de imigrantes
malícios, que vive no seu novo país as descobertas da adolescência e de uma
utopia política, inspiradas pelo socialismo e pela música e o cinema
estadunidenses.
Neste romance, o autor apresenta um retrato poético do Chile nos anos 1950 e 1960, antes da eleição de Allende para a presidência.
Uma época ingênua, recriada a partir de suas próprias lembranças, e embalada pelo sonho de um mundo melhor, em que o socialismo, a democracia, o jazz e os grandes filmes estadunidenses conviveriam em harmonia. Um grande livro de um dos maiores autores latino-americanos de nosso tempo.
Resenha:
O romance A Menina do Trombone, do escritor chileno Antonio
Skármeta, é uma história sensível e cheia de significado, que mistura
lembranças, sonhos e momentos marcantes da história do Chile. Publicado em
2016, o livro combina ficção, memória e crítica social, num estilo leve e
envolvente, típico do autor.
A história começa quando um trombonista chega à cidade de
Antofagasta, no norte do Chile, trazendo uma menina de apenas dois anos como se
fosse uma encomenda. Ela vem da Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial e
é entregue a Esteban Copetta, um comerciante local, com a informação de que
seria sua neta. Essa menina é Alia Emar, que cresce sem conhecer seus
verdadeiros pais, mas encontra em Esteban um afeto profundo e uma nova família.
Com o passar dos anos, Alia — que gosta de se chamar Alia
Emar Copetta — vai construindo sua identidade entre o passado misterioso e o
presente cheio de descobertas. Apaixonada por música, cinema e sonhos, ela
cresce em meio às transformações políticas e sociais do Chile entre as décadas
de 1950 e 1970, período que culmina com a vitória de Salvador Allende. A
música, representada pelo trombone, simboliza tanto a liberdade quanto a
esperança em tempos de mudança.
Skármeta recria com delicadeza o ambiente de uma época em
que o país acreditava em ideais de igualdade e justiça. Ele também mostra, com
poesia e humor, o contraste entre o sonho e a realidade, a perda e a
reconstrução, o amor e a busca por pertencimento. Além disso, o livro reflete
sobre o sentimento de quem vive entre duas culturas — os imigrantes que
precisaram reinventar sua identidade no Chile.
Com uma linguagem fluida e personagens cativantes, A Menina do Trombone é uma leitura emocionante e acessível. É ao mesmo tempo uma história sobre o crescimento pessoal e um retrato histórico de um país que sonhava com liberdade.
O autor Antonio Skármeta consegue unir política, arte e emoção em uma narrativa que toca o leitor e faz refletir sobre o valor da memória, da solidariedade e da esperança, um livro que eu recomendo.
Trilha sonora da resenha:
