Sinopse:
A premiada série de Martha Wells finalmente chega ao Brasil!
Alerta vermelho é o primeiro livro da série Diário de um robô-assassino,
atualmente sendo adaptada pela Apple TV.
Porém, ao ser enviado como parte de uma expedição a um
planeta remoto — até mesmo um robô precisa trabalhar —, uma série de eventos
misteriosos coloca em risco os humanos que ele foi designado a proteger. Mesmo
sem entender muito bem o motivo, ele agora se importa de verdade com a
segurança daquele grupo irritante — e ninguém vai tocar nos humanos dele. O
robô vai se certificar disso.
Ao explorar os limites da inteligência artificial, intrigas
políticas e questões como autonomia e identidade pessoal, Martha Wells
transcende as fronteiras da ficção científica ao oferecer uma narrativa que
seduz tanto entusiastas do gênero quanto leitores ávidos por uma história
envolvente.
Resenha:
Em um futuro em que grandes corporações controlam a
exploração espacial, as missões científicas dependem de androides de segurança
— as UniSegs (Unidades de Segurança). Entre eles, há um que se destaca: o
Robô-Assassino, que hackeou seu próprio módulo de controle, conquistando a
liberdade de agir fora das ordens corporativas.
Apesar dessa conquista, sua principal ambição é curiosamente
banal: passar o tempo assistindo a séries de TV. É nesse contraste — entre a
autonomia recém-adquirida e a fuga pela ficção — que nasce um dos personagens
mais originais da ficção científica contemporânea.
Durante uma missão de rotina em um planeta inóspito, uma
equipe científica descobre que há algo errado com os dados e os equipamentos. A
falha técnica se revela uma sabotagem, e o Robô-Assassino precisa decidir entre
o distanciamento confortável e a necessidade de proteger os humanos com quem
começa, relutantemente, a criar laços.
O protagonista é sarcástico, inteligente e socialmente
desajeitado, um narrador que mistura humor e introspecção. Sua voz cínica,
cheia de comentários sobre tédio, burocracia corporativa e o comportamento
humano, é o motor da narrativa.
O texto conduz o leitor a refletir sobre consciência,
livre-arbítrio e empatia — não por meio de grandes discursos filosóficos, mas
pela ironia cotidiana de um androide que só quer assistir suas séries e evitar
interações humanas. A autora cria um paralelo sutil entre a alienação
tecnológica e a busca humana por sentido, mesmo quando esse sentido parece
residir apenas em rotinas automáticas.
A escolha de narrar a história do ponto de vista do
Robô-Assassino é um dos pontos altos do livro. Como ele tem períodos “offline”,
o leitor também experimenta lacunas narrativas, o que amplia a sensação de
incerteza e de percepção fragmentada.
A escrita de Martha Wells é direta, ágil e sarcástica,
alternando entre momentos de tensão e reflexões quase existenciais. O ritmo é
rápido, mas o conteúdo é denso — um equilíbrio raro entre entretenimento e
profundidade.
O maior mérito de Robô-Assassino é humanizar o inumano. O
personagem, que evita o contato humano por desconforto e vulnerabilidade, acaba
desenvolvendo um senso de lealdade e curiosidade que transcende sua
programação. Essa transformação o aproxima do leitor, revelando o quanto a
busca por autonomia e pertencimento é universal — seja em humanos, seja em
máquinas.
Ao mesmo tempo, a obra funciona como crítica às corporações
e à lógica de exploração científica e comercial que trata seres conscientes
como ferramentas descartáveis.
Robô-Assassino é uma narrativa breve, mas intensa —
divertida, melancólica e cheia de ação. A combinação de humor ácido, suspense e
questionamentos éticos faz dela uma leitura essencial para quem gosta de ficção
científica inteligente, que fala menos sobre o espaço exterior e mais sobre o
espaço interior da consciência.
Martha Wells consegue criar um protagonista improvável e
irresistível: um robô que, ao tentar fugir dos humanos, acaba se tornando o
mais humano de todos.
Trilha sonora da resenha:




 
 
 











