Sinopse:
Nahri nunca acreditou em magia. Golpista de talento
inigualável, sabe que a leitura de mãos, zars e curas são apenas truques,
habilidades aprendidas para entreter nobres Otomanos e sobreviver nas ruas do
Cairo.
Mas quando acidentalmente convoca Dara, um poderoso
guerreiro djinn, durante um de seus esquemas, precisa lidar com um mundo mágico
que acreditava existir apenas em histórias: para além das areias quentes e rios
repletos de criaturas de fogo e água, de ruínas de uma magnífica civilização e
de montanhas onde os falcões não são o que parecem, esconde-se a lendária
Cidade de Bronze, à qual Nahri está misteriosamente ligada.
Atrás de seus muros imponentes e dos seis portões das tribos
djinns, fervilham ressentimentos antigos. E quando Nahri decide adentrar este
mundo, sua chegada ameaça recomeçar uma antiga guerra.
Ignorando advertências sobre pessoas traiçoeiras que a
cercam, Nahri embarca em uma amizade hesitante com Alizayd, um príncipe
idealista que sonha em revolucionar o regime corrupto de seu pai. Cedo demais,
ela aprende que o verdadeiro poder é feroz e brutal, que nem a magia poderá
protegê-la da perigosa teia de intrigas da corte e que mesmo os esquemas mais
inteligentes podem ter consequências mortais.
Resenha:
A história se passa no Oriente Médio do século XVIII e acompanha Nahri, uma jovem golpista do Cairo que sobrevive graças a uma combinação de trapaças e pequenos roubos. Por trás de seus truques, no entanto, existe um dom genuíno: a capacidade de perceber a verdadeira saúde das pessoas. Seu maior sonho é estudar medicina e, um dia, juntar dinheiro suficiente para começar uma nova vida em Istambul.
Mas a cura não é seu único talento. Nahri também possui uma habilidade extraordinária com idiomas, incluindo uma língua misteriosa que ninguém além dela fala — e cujo nome desconhece, já que não tem lembranças dos pais nem de sua origem.
Cética e perspicaz, Nahri sabe se virar em quase todas as situações. Porém, tudo muda quando um ritual aparentemente inofensivo gera consequências sobrenaturais reais. Após ser confrontada por uma criança possuída por um ifrit demoníaco, ela passa a ser perseguida por criaturas mágicas de um mundo oculto. É então resgatada por Darayavahoush, um lendário guerreiro djinn que ela pode ter invocado sem querer. Além de protegê-la, Dara revela que Nahri não é apenas humana: ela é meio-djinn. Para sua segurança, ambos partem em direção à mítica Daevabad, a lendária Cidade de Bronze.
Entretanto, Daevabad está muito diferente do que Dara lembrava. Agora a cidade é governada pelos Qahtani, inimigos históricos dos Daeva, a tribo de Dara. Lá, Nahri conhece o príncipe Alizayd al-Qahtani, que se torna seu aliado. Piedoso e idealista, Ali é o segundo na linha de sucessão, mas vive dividido entre a lealdade à família e sua compaixão pelo povo shafit — híbridos de humanos e djinn, que sofrem constante discriminação. O pai de Ali, o rei Ghassan, é um governante severo, e seus planos para Nahri podem colocá-la em ainda mais perigo.
Dara, por sua vez, é reverenciado como herói entre os Daeva, mas temido por todas as outras tribos devido ao passado sangrento como guerreiro dos antigos Nahids, governantes de Daevabad antes da rebelião de 1.800 anos atrás. Pelos olhos de Dara, conhecemos a versão da história que enaltece os Daeva como vítimas de massacres; já através de Ali, vemos o quanto os Daeva foram também opressores, sobretudo contra os shafits. Essas perspectivas contrastantes mostram não apenas a complexidade política da cidade, mas também as ambiguidades morais de seus personagens.
Outros personagens importantes enriquecem a narrativa, como Muntadhir, príncipe herdeiro e irmão de Ali; Kaveh, o poderoso Grande Wazir daeva; Jamshid, filho de Kaveh e guarda-costas de Muntadhir; Hanno, um revolucionário shafit; e Nisreen, a dedicada enfermeira daeva responsável por treinar Nahri. Todos são bem construídos e suas histórias pessoais, assim como o passado de seus povos, influenciam diretamente o rumo da trama.
S. A. Chakraborty apresenta um enredo intrincado, inteligente e envolvente, que reflete dilemas universais: preconceito, racismo, desigualdade social e a eterna luta entre ricos e pobres. O mundo criado pela autora é riquíssimo, com seis tribos de djinn, poderes variados e uma ambientação deslumbrante. Sua escrita detalhada e cativante transforma A Cidade de Bronze em uma obra de fantasia épica, indispensável para os fãs do gênero.
Trilha sonora da resenha: