Em Uma família feliz, o mestre do suspense Raphael Montes
desbrava as tensões das relações familiares e do mundo de aparências de um
condomínio perfeito, em uma trama complexa sobre infância e maternidade. Do
criador da série original Bom dia, Verônica (Netflix) e da novela Beleza fatal
(HBO).
Conhecido por seus suspenses de tirar o fôlego, com mais de 500 mil exemplares vendidos, Raphael Montes inova ao começar este thriller psicológico pelo último capítulo. Assim, como uma bomba-relógio prestes a detonar, acompanhamos os caminhos surpreendentes e as tensões que levam essa família feliz a um final avassalador.
O livro deu origem ao longa-metragem Uma família feliz, com
Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, direção de José Eduardo Belmonte e
roteiro de Raphael Montes.
Resenha:
A história começa de maneira surpreendente e inesperada, pelo último capítulo, fazendo-nos sentir toda a tensão e adrenalina daquele momento. Dessa forma, cria-se uma grande expectativa para descobrir o que levou a um final tão desolador.
Neste livro, acompanhamos Eva, que aparentemente tem uma vida dos sonhos. Ela é casada com Vicente, um renomado advogado, e tem duas enteadas a quem ama como se fossem suas filhas: as lindas gêmeas Angela e Sarah. Eles vivem em um condomínio de luxo na Barra, onde têm tudo à sua disposição a poucos metros de distância. Para muitos, eles são o modelo de uma família perfeita.
Eva é uma mulher que vem de uma origem humilde, com uma família disfuncional, mas herdou do pai o talento para a arte e tem a profissão de cegonha, pessoa responsável por criar bebês reborn. Vicente vem de uma família de alta classe do Rio de Janeiro, cresceu com uma ótima estrutura familiar e tem um excelente relacionamento com os pais.
Logo, Eva descobre que está grávida, uma notícia que deixa todos muito felizes. No entanto, algo a deixa um pouco desconfortável com essa nova realidade, e após o nascimento do primeiro filho, Lucas, tudo começa a mudar. Algumas lembranças desagradáveis vão se revelando, mostrando um passado turbulento que pode estar influenciando esse novo momento da sua vida. Dessa maneira, a rotina do lar perfeito que a família desfrutava começa a desmoronar. Eva passa a se dedicar totalmente às tarefas domésticas, além de cuidar do recém-nascido e das gêmeas, o que a impede de conciliar tudo com as atividades do seu trabalho com os bebês reborn.
Quando as crianças começam a aparecer com alguns hematomas, Eva é acusada de provocá-los. Para piorar ainda mais a situação, ela também começa a ter apagões, e Vicente começa a sobrecarregá-la ainda mais com a vida de maternidade. Aos poucos, Eva percebe que Vicente não é o marido perfeito que sempre achou que fosse. Isso, junto com a pressão de ser uma ótima mãe e esposa, muitas vezes faz com que ela questione o momento que está vivendo.
O autor Raphael Montes nos presenteia novamente com um suspense interessante. A narrativa em primeira pessoa contribui ainda mais para a atmosfera angustiante, permitindo que mergulhemos nos sentimentos e percepções da protagonista, que é a todo momento questionada. Ele aborda bem a cultura do cancelamento na Era Digital e, principalmente, o papel da mulher na sociedade, onde muitos esperam que ela seja perfeita, sem respeitar o que realmente deseja.
Um thriller psicológico tenso, cuja trama instigante é entrelaçada com diversas críticas sociais, o livro traz um final, como sempre, com um grande plot twist. Embora esse final seja um pouco desconexo e distante da realidade, vale muito a leitura.
Trilha sonora da resenha:
