“No
ano de 1972, auge da era colonial brasileira, a produção de açúcar nas fazendas
de cana era controlada pelas mãos impiedosas dos senhores de engenho. Os homens
acorrentados que não derramassem seu suor no canavial encontravam na dor de um
lombo dilacerado o estímulo para o trabalho braçal.” Página 7.
Nesse
cenário do Brasil Colônia no final do século XVIII que conhecemos a história da
Fazenda Capela, que é administrada pela Família Cunha Vasconcelos, mais
precisamente por Antônio Batista, grão-senhor da fazenda. Seu filho
primogênito, Antônio Batista da Cunha Vasconcelos Segundo era o capataz
responsável pelo trabalho na lavoura de cana-de-açúcar, ele era temido pelos
escravos devido a sua violência desproporcional e sua falta de amor, esse era o
resultado de anos de treinamentos para assumir o cargo de feitor. Mas suas
atitudes exageradas não agradavam muito o seu pai, pois estava diminuindo os
números de trabalhadores e aumentando o gasto na compra de novos escravos.
Sabola
Citiwala é um escravo recém-chegado da Fazenda Capela, ele foi comprado
recentemente e ainda não entendia uma palavra do idioma português, por
desconhecer as regras do capataz acabou despertando a ira de Antônio Segundo,
sendo assim açoitado de maneira cruel, e depois de levado inconsciente para
assistir uma missa Sabola foi enviado para senzala junto dos demais escravos e
jogado perto do velho Akili Akinsanya. Akili era conhecido na fazendo por
Fortunato, e já tinha mais de sessenta anos de idade, não trabalhava mais na
lavoura porque estava inválido devido os castigos que recebeu, não demorou
muito para surgir uma amizade entre eles.
Inácio
Batista é o filho mais novo dos Cunha Vasconcelos e acabara de chegar na
Fazenda Capela, ele estivera estudando medicina na Universidade de Coimbra,
Portugal, e já estava ausente há cinco anos. Ele é diferente do pai e do irmão
e não gosta da maneira que eles tratam os escravos, por causa do tempo que
morou fora seu pensamento é muito a frente e já acredita no fim da escravidão. Mas
durante um jantar de família Inácio vê adentrar a escrava Damiana, uma mulata
belíssima de apenas dezenove anos, tinha um corpo esbelto e uma pele amorenada
que realçava a beleza de seus traços, ela era pequena quando ele partira para a
Europa, agora sendo uma moça formosa fez com que o coração de Inácio
fervilhasse, ele acaba se apaixonando por ela, mas esse amor proibido entre
eles na época pode coloca-los em grandes apuros.
Sabola
não aceita o novo modo de vida que lhe foi imposto, assim junto com Akilli
arquiteta um plano para fugir dali, todas às noites, eles estudam uma
estratégia que resultaria na reconquista de sua liberdade, mas na noite de sua
fuga ele é capturado, sendo surrado até a morte por tentar fugir da fazenda. Antônio
Segundo corta uma das pernas de Sabola enquanto Jonas, seu capataz, o sufoca
com um saco para abafar os gritos de dor que ecoavam na fazenda. Toda essa
crueldade foi executada na frente dos outros escravos para serem intimidados,
mas essa atitude cruel só aumentou a revolta entre eles, a partir daí coisas
estranhas e sobrenaturais começam a acontecer na Fazenda Capela e parece que
ninguém está a salvo.
Esse é
o primeiro livro que leio do autor Marcos DeBrito, não leio muitos livros de
terror, mas a sinopse e as resenhas que li me convenceram a acreditar no livro.
A história é narrada em terceira pessoa e retrata muito bem as crueldades
impostas aos escravos numa época de muita injustiça, triste realidade vergonhosa que não devemos esquecer, o Saci e a Mula sem
Cabeça criados pelo autor são muito bem construídos, as características pelas
quais os conhecemos são as mesmas, porém bem mais assustadoras e sangrenta. Confesso
que não gostei da capa, a editora sempre capricha na qualidade, os acabamentos
vermelhos nas bordas é show e isso já da um tom sinistro, a série As Crônicas
dos Mortos da editora é bem elogiada, só algumas capas, em minha opinião, são
feias e sinistras e por isso ainda não solicitei, acho que capas como a do
livro Horror na colina de Darrington são bem melhores para ter em casa.
A
leitura flui bem e li o livro em praticamente dois dias, os personagens são bem
construídos e nos envolvemos com eles, mostra a violência física, verbal e
emocional que os escravos sofriam, o estrupo era um deles. Também aborda
assuntos como a religião, que era imposta, cultura, não só a do Brasil como a
Africana também, além de resgatar uma figura mitológica do folclore brasileiro.
A história é cheia de suspense, segredos e reviravoltas, o final nos
surpreende, para os fãs de um bom suspense e de terror essa é um livro
imperdível.
Segue
abaixo a sinopse e o book trailer do livro:
Sinopse:
O Escravo de Capela - Marcos DeBrito
Durante
a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas
em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais
populares de nosso folclore.Com o passar dos séculos, o horror de mitos
assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em “O Escravo de
Capela”, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de
registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor
criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos.
Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que
o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua
morte. Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver
ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida
repleta de surpresas e reviravoltas.
Olá, Marco.
ResponderExcluirEu já li algumas resenhas desse livro e o enredo me interessou muito. Eu gosto do gênero e acho que vou gostar bastante dessa história. Vou ver se compro na BF porque ele é bem carinho hehe.
Prefácio
Gostei da resenha Marco. Achei o enredo bem aterrorizante, principalmente por retratar uma fase tão dolorida e tenebrosa da história do Brasil. Se tiver a oportunidade, pretendo ler o livro. Abraço!
ResponderExcluirwww.newsnessa.com
Oi Marcos,
ResponderExcluirQue bom que você curtiu, eu também gostei bastante da leitura e fiquei encantada com aquelas bordas vermelhas. Os assuntos abordados chegam nos dar arrepios. Adorei a resenha!
até mais,
Nana - Canto Cultzíneo
Oi Marco
ResponderExcluirNão conhecia o livro, mas me pareceu ser muito bom, e aborda esta fase do Brasil colônia, fiquei curiosa.
Beijinhos
https://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/
OI amigo, gosto desta questão sobre a história passada sabe, apesar de que pela capa eu não leria, mas ela parece ótima por demonstrar a questão da escravidão e de como tudo era encarado. Eu acho um absurdo ter havido escravidão e até hoje fico abismada que haja racismo no mundo.
ResponderExcluirOieeee!!!
ResponderExcluirEu adorei esse livro!! Tô até sorteando um exemplar dele no blog. Eu curti a capa. Achei que combinou bastante com a trama.
Bjksssss
Oi Marco!
ResponderExcluirEsse livro parece ser muito bom! Acho legal quando os livros brasileiros realmente se passam no Brasil.
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros
Oi
ResponderExcluirconfesso que a história nao chamou minha atenção, mas que bom que você curtiu e achou ela fluida já que leu bem rápido.
momentocrivelli.blogspot.com.br